quinta-feira, 7 de junho de 2012

Carlos Drummond de Andrade




Carlos Drummond de Andrade passou a infância em uma fazenda na mesma cidade em que nasceu e a sua juventude em Belo Horizonte. Fez o curso de Farmácia e se formou em 1925, em Ouro Preto, mas não exerceu a profissão.
Em Belo Horizonte, integra o grupo que funda “A Revista” – publicação literária de tendência nacionalista que se torna o veículo mais importante do Modernismo mineiro. Entra para o jornalismo no Diário de Minas em 1930 e lança seu primeiro livro: “Alguma Poesia”.
Assume a chefia de gabinete do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, em 1934. Permanece no serviço público até a aposentadoria. Ligado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) no início dos anos 40, escreve poesias de fundo social, como “Sentimento do Mundo” (1940) e “A Rosa do Povo” (1945).
Mas a indignação com as desigualdades sociais não lhe tira o profundo lirismo, o senso de humor e a emoção contida.
“Boitempo” e “As impurezas do branco” são alguns dos outros volumes que estão entre os mais representativos de nossa melhor poesia. Nele, acham-se versos que já pertencem ao dia-a-dia do povo: “E agora, José?”, “Tinha uma pedra no meio do caminho”, “Mundo mundo vasto mundo” são ditos pelo homem comum como expressões da realidade cotidiana e dos problemas da vida.
“No meio do caminho tinha uma pedra / Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra / No meio do caminho tinha uma pedra”
No Meio do Caminho, obra de 1928 que revolucionou o Movimento Modernista que nascia...
Não bastasse a grandeza poética, Drummond foi, também, um talentoso cronista, cuja prosa, inteligente e bem cuidada, reúne-se em “Confissões de Minas”, “Passeios na Ilha”, “Fala”, “Amendoeira” e “Cadeira de Balanço”, entre outros títulos.
Acrescentem-se a eles as narrativas que escreveu para crianças, como “O Elefante” e “História de Dois Amores”, e as elogiadas traduções que assinou, pondo ao alcance do leitor brasileiro obras de Balzac, Lorca, Molière e Proust.
A partir de “Claro Enigma” (1951) volta a registrar o vazio da vida humana e o absurdo do mundo. Em 1954 passa a escrever crônicas no Correio da Manhã e, em 1969, dá início a colaboração ao Jornal do Brasil que dura até 1984.
Entre seus livros de crônicas estão “Lição de Coisas” (1962), “Os Dias Lindos” (1977) e “Boca de Luar” (1984). Seu livro “O Amor Natural” é publicado postumamente.
No annus mirabilis de 1962, em que completou 60 anos de idade e publicou Lição de Coisas, Drummond lançou também a Antologia Poética, na qual distribuiu os poemas em nove seções, designadas segundo o “ponto de partida” ou a “matéria de poesia” predominante em cada uma delas. Os nove núcleos temáticos discernidos pelo poeta são (entre aspas os títulos das seções, que valem por súmulas do sentido de cada tema):
1. o indivíduo: “um eu todo retorcido”; 2. a terra natal: “uma província: esta”; 3. a família: “a família que me dei”; 4. amigos: “cantar de amigos”; 5. o choque social: “na praça de convites”; 6. o conhecimento amoroso: “amar-amaro”; 7. a própria poesia: “poesia contemplada”; 8. exercícios lúdicos: “uma, duas argolinhas”; 9. uma visão, ou tentativa de, da existência: “tentativa de exploração e de interpretação do estar-no-mundo”...

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