Tomás Antônio Gonzaga (1744 – 1810)
Poeta árcade que viveu entre o final do século
XVIII e o início do século XIX. Nasceu na cidade de Porto em Portugal no
ano de 1744 e veio para o Brasil em 1749, quando tinha apenas quatro
anos. Anos mais tarde, o poeta retorna para Portugal para estudar
Direito na Faculdade de Leis em Coimbra, cidade onde exerce cargos de
magistratura. Intentando uma cátedra na Universidade de Coimbra, defende
a tese intitulada Tratado de Direito Natural, dedicada ao Marquês de Pombal.
Retorna ao Brasil em 1782 para a então cidade
de Vila Rica (atual Ouro Preto), em Minas Gerais, sendo nomeado ouvidor e
juiz. No mesmo ano, conheceu Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, jovem de apenas dezesseis anos, a qual inspirou a composição do conjunto de poemas intitulados Marília de Dirceu sob o pseudônimo pastoril de Dirceu.
No ano de 1788, pede Maria Doroteia em
casamento, porém, a família da jovem, muito tradicional, inicialmente se
opôs ao matrimônio e só mudou de opinião com o passar do tempo.
Tomás Antônio Gonzaga também ficou famoso por sua atuação na Conjuração Mineira,
no ano de 1789, na qual vários intelectuais e pessoas influentes se
insurgiram contra a monarquia portuguesa e lutavam pela independência da
colônia.
Prestes a se casar com Marília, Gonzaga é preso
pelo envolvimento na Conjuração e, na cela, escreve grande parte de
Marília de Dirceu. O poeta havia começado a obra dedicada à Maria
Doroteia ainda antes de ir para a prisão e dá seguimento da mesma
enquanto estivera no cárcere, o que explica a mudança drástica de tom no
decorrer dos poemas.
No ano de 1792 é exilado em Moçambique a fim de
cumprir sua pena. Naquele país, hospeda-se na casa de um rico
comerciante de escravos e, no ano de 1793 contrai matrimônio com a filha
dele, Juliana de Souza Mascarenhas, com quem tem dois filhos. Falece no ano de 1810.
Obras
Após o exílio na África, é editada a primeira
parte da obra Marília de Dirceu. Publicado incialmente em três partes
nos anos de 1792, 1799 e 1812 (a última após a morte do poeta). Nessa
obra, Gonzaga é um pastor abastado que vive os idílios da vida no campo e
canta para sua amada Marília e a natureza ao seu redor. Inicialmente, o
poeta escreve sobre temas como o amor, a felicidade, a vida com sua
amada e os sonhos de uma família. Como assinala o crítico José de
Nicola, Gonzaga discorre sobre os temas sempre sob uma postura
patriarcalista, defendendo também a tradição e a propriedade, além
disso, o crítico chama atenção para o caráter da obra que, embora receba
o nome da amada, em momento algum mostra a voz da mesma. Portanto, o
conjunto de poemas pode ser considerado um monólogo, em que apenas o
poeta expressa seus sentimentos. Na prisão, há a mudança de tom em
Marília de Dirceu e o poeta passa a refletir sobre justiça e sobre seu
destino.
Antes de ir para a prisão, Gonzaga escreve uma série de poemas satíricos em forma de correspondência sob o título de Cartas Chilenas.
Nelas, Critilo, um habitante de Santiago do Chile, critica os mandos e
desmandos do governador Fanfarrão Minésio. Na realidade, Santiago seria
Vila Rica e, seu governador, Luís da Cunha Meneses (então governador de
Minas Gerais). Além disso, endereça as cartas para Doroteu, que era, na
realidade, o também poeta árcade Claudio Manoel da Costa.
Referência:
NICOLA, José de. Literatura Brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 1998.
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